Lília Teles, é jornalista correspondente da Rede Globo nos Estados Unidos desde 2006. Mas quando começou sua carreira em Goiânia não era formada no curso,mesmo sem diploma trabalhou no Diário da Manhã e na TV Anhanguera antes de ir para o Rio de Janeiro contratada pela TV Globo.Com grande competência e simpatia, Lília deixa muitos goianos orgulhosos ao vê-la na tela da televisão transmitindo as mais variadas noticias de outra parte do mundo. A jornalista me concedeu uma entrevista, direto de Nova York e falou um pouco sobre os blogs jornalísticos e afirmou que a internet é a mídia do momento.
Bem Estar: Nos EUA os blogs jornalísticos já existem há algum tempo e tem muita força (além de informarem fazem um trabalho de checagem das matérias noticiadas nas grandes mídias), você acredita que os blogs nos EUA estão tomando os espaços de jornais impressos e da televisão?
Lília Teles: Não. Os blogs têm a função de complementar e comentar a notícia veiculada nos jornais e televisão e não substituir ou tomar o espaço desses veículos. Normalmente os blogs são conduzidos por jornalistas bem informados, com boas fontes e acrescentam alguma informação inédita, aprofundando na apuração das reportagens veiculadas. Alguns até furam os próprios telejornais. Eles são mais uma opção para o mercado de trabalho e se tornaram também um importante veículo de discussão, onde os jornalistas dão opiniões, editorializam, o que raramente é feito na televisão ou no jornal. Os leitores também têm possibilidades de interagir, dando opiniões, discutem qualquer assunto. E por aqui eles estão se fortalecendo cada vez mais.
Bem Estar: Aqui no Brasil os blogs jornalísticos estão começando a surgir, você acredita que eles conquistem a mesma força que têm no resto do mundo?
Lília Teles: Claro que sim. Isso é uma tendência e não tem como recuar. Tenho lido alguns blogs brasileiros e muitos são extremamente bem feitos e confiáveis. Isso é meio caminho andado pra se tornar uma boa fonte de pesquisa e referência.
Bem Estar: O que você acha dos blogs? Faria um como alguns jornalistas da TV e impresso tem (como Zeca Camargo, Luis Carlos Prestes, William Waak)? Se optasse por ter um blog o que escreveria nele?
Lília Teles: Por tudo que eu já disse, é claro que eu escreveria um blog e já pensei sobre isso. Eu contaria sobre as matérias que eu cubro aqui nos Estados Unidos e nos países vizinhos. Como as matérias dos jornais e televisões têm tamanho limitado, o blog me daria chances de complementar a notícia com linguagem mais informal e também falar de outros assuntos sobre os quais eu leio.
Bem Estar: Acha que a internet, em geral, é a próxima mídia?
Lília Teles: Não é a próxima mídia, é a mídia do momento. Eu acho que o jornalismo cabe em todos os veículos: jornal impresso, televisão, rádio, internet. Pra cada um deles existe um leitor, um ouvinte, gente que gosta das novidades, mas que não abandona as formas mais tradicionais ou antigas de informação. Cada vez que surge um veículo novo ou uma tecnologia de ponta, existe a discussão sobre o papel desse novo instrumento no mercado, se ele vai desbancar o impresso, a televisão. Isso ainda não aconteceu. É bem verdade que a televisão perdeu a exclusividade, assim como aconteceu com o rádio décadas antes. Mas eles foram se adaptando se modernizando para a maior concorrência do mercado. Cada um tem sua característica que o torna importante no contexto.
Bem Estar: Para se informar, fazer pesquisas quais mídias você utiliza?
Lília Teles: Todas elas. Faço uma verdadeira garimpagem atrás de notícias e de informações que possam me ajudar. Acesso todas as agências de notícias, nacionais e internacionais, leio jornais impressos, revistas e sites das emissoras e dos jornais.
Bem Estar: Para trabalhar na área jornalística é preciso ser formado em jornalismo? Já que aqui em Goiânia, pelo menos, existem muitos profissionais da mídia que não são formados no curso. Qual a sua opinião sobre isso?
Lília Teles: Tenho uma opinião muito particular a respeito disso. Não sou o tipo de profissional que gosta de carregar bandeiras.. Mas também não posso defender a idéia da obrigatoriedade do diploma de jornalismo, porque eu mesma trabalhei durante muitos anos sem o diploma. Eu já era advogada e professora de Educação Física, mas tinha verdadeira adoração pelo jornalismo e, por uma dessas coisas do destino, foi o único trabalho que apareceu quando eu procurava emprego. Nunca senti falta do diploma e nem acho que tenha feito falta pra que eu aprendesse a contar as histórias da forma com que o jornal e a televisão pediam. Isso o tempo e a prática me ensinaram. Sou extremanente grata pelos meus chefes pensarem da mesma forma e terem me admitido sem diploma. Acabei me formando em jornalismo pela Facha, do Rio, mas só terminei o curso alguns meses antes de me mudar pra Nova York como correspondente internacional. Ou seja, a maior parte da minha carreira foi feita sem diploma de jornalista. Aliás, eu ainda nem busquei o meu na faculdade. O que eu acho é que a faculdade não ensina ética e dom -- a gente nasce com isso. A minha opinião é que o jornalista deve ter algum tipo de curso superior , porque ele desperta o senso crítico, amplia conhecimentos e , principalmente, propicia a criação de um círculo de amizades que será importante pelo resto da vida.